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A Pandemia global do COVID-19, apanhou-nos a todos de surpresa, sobretudo a quem esteve em confinamento obrigatório durante semanas, sem poder sair da sua habitação.
O que é que o vírus nos pode fazer pensar de diferente em termos de opções habitacionais para o presente e no futuro?
A pandemia transformou o mundo fora de nossas portas em um deserto recém-formado que não podemos frequentar. Os espaços públicos são agora áreas em que devemos nos aventurar com moderação, excepto por trabalhadores essenciais; portanto, para a maioria de nós, o nosso mundo encolheu para o tamanho de nossas casas.
"As cidades modernas não foram projetadas para lidar com a vida durante uma pandemia, e esse modo de vida invertido as transformou em "uma variedade desorganizada de quartos e estúdios desconectados", diz Lydia Kallipoliti, professora assistente de arquitetura na Cooper Union em Nova york. Esse layout pode ter feito sentido quando as cidades eram centros conectados internacionalmente, cheios de milhões de pessoas trabalhando, viajando, passeando, bebendo, dançando e se abraçando sem pensar duas vezes. Mas esse mundo parece muito distante agora."
Actualmente verificamos um esbatimento das fronteiras das cidades, significando que a aldeia fica "logo ali".
As cidades de hoje dispõem das mesmas maravilhas técnicas que as aldeias fronteiriças. Água canalizada, saneamento básico, electricidade, telefone, telemóvel, carro, computador. O modo de vida nos campos urbanizou-se! É claro que a uniformização de modos de vida e de valores entre as cidades e as serras tende a ser cada vez maior.
As condições de trabalho nos campos são cada vez mais parecidas com as condições de vida na indústria ou nos serviços, com o mesmo horário de trabalho, as mesmas regalias sociais, as mesmas apetências de consumo, e os mesmos tipos de entretenimento. Além disso, mesmo nas aldeias o sector primário na economia já não é exclusivo, havendo também pequenas indústrias e serviços, a bem dizer idênticos aos das cidades.
Muito mais importante, porém, que as condições “urbanas” das aldeias na uniformização entre os habitantes das cidades e os das serras é a uniformização de mentalidades. A escolaridade obrigatória, o acesso à rádio e à televisão, a emigração do campo para a cidade e a consequente ligação familiar entre quem ficou no campo e quem vive na cidade, a considerável melhoria de acessibilidades, a maior mobilidade de pessoas e bens, a dupla residência, o fortalecimento dos médios centros urbanos por todo o país, com novas instituições de ensino superior, induziram a valores e comportamentos idênticos. Hoje é fácil encontrar quem na cidade seja menos “citadino” do que quem vive numa aldeia.
Os modernos meios de transporte tornaram perto o que dantes era longe. Presentemente assiste-se em Portugal a um extraordinário “encurtamento” de distâncias através das novas estradas e auto-estradas, encurtamento,sobretudo em tempo e em comodidade em as percorrer.
Hoje é trivial encontrar pessoas que no seu dia a dia se deslocam largas dezenas de quilómetros, quando não mesmo ultrapassando a centena. Vivem numa localidade, trabalham noutra, deslocam-se de carro para fazer compras, para visitar amigos, para se divertir, para ir à praia, ao teatro, etc. O facto de as zonas industriais e as zonas comerciais privilegiarem a facilidade de acessos e de estacionamento, muito mais que a proximidade física aos centros residenciais, mostra bem quanto o espaço de vida se alargou e se alterou nas últimas décadas.
As novas tecnologias sobretudo ligadas à Internet mostram-nos a globalidade em que os Estados Unidos e a Austrália, se tornam a a mesma vizinhança. Enviar um e-mail, ou fazer uma video chamada para um destinatário residente na mesma cidade ou para um residente num país distante custa o mesmo e leva o mesmo tempo. Aceder a uma página ou “local” da Internet em Portugal ou no estrangeiro é, em princípio, indiferente em termos de tempo e de custo. Consulta-se um jornal ou uma biblioteca estrangeiros da mesma maneira que os nacionais. Aqui deixa de haver fronteiras, as únicas que continuam a existir são as linguísticas. Mas as distâncias tornam-se radicalmente idênticas.
Com a introdução crescente da comunicação via satélite, seja de voz ou de dados, cada vez menos o papel dos locais será importante na comunicação. Todos os locais da terra terão a mesma acessibilidade comunicativa. Há como que uma desmaterialização do espaço da comunicação. De todo o lado se comunica com todo o lado com a mesma rapidez e com a mesma facilidade.
Os citadinos são os novos aldeões.
O tempo de trabalho na cidade, a facilidade de deslocação e de comunicações, permitem-lhes trabalhar na cidade e gozar da vida de aldeia, não temos dúvida.
As aldeias apresentam um equilíbrio entre o espaço de habitação e a natureza que é cada vez mais um bem precioso e que constitui um verdadeiro luxo. Campos e floresta à volta, ribeiras e fontes, silêncio, são marcas que caracterizam habitualmente as aldeias e que proporcionam uma qualidade de vida, impossível ao cidadão normal de uma cidade.
Viver numa aldeia significa mais do que viver num espaço diferente do espaço da cidade. Representa um modo de viver guiado por valores estéticos e até morais. O frenesim da vida urbana tornou-se um elemento viciante de grande parte da população. As pessoas “precisam” das correrias, do barulho, da azáfama da cidade, precisam de emoções. Ao contrário, a quietude e o sossego das aldeias é visto como pasmaceira, como tédio.
No mundo actual das telecomunicações e da Internet, porém, o movimento da cidade já não significa mais informação ou maior representação relativamente ao sossego das aldeias, tal como uma zona de movimento na cidade não representa maior valia do que um bairro calmo e arborizado dessa mesma cidade. O que conta hoje na vida de uma aldeia é a possibilidade de, através dos novos meios de comunicação, ter os mesmo acessos ao vasto mundo da informação e do trabalho que uma cidade.